quinta-feira, 12 de julho de 2012

Alguns esclarecimentos sobre o Transporte Complementar; mais conhecido como Transporte Alternativo:


Em 2003, segundo dados do PDTU/RMRJ (Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitana do Rio de Janeiro) realizado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria Estadual dos Transportes - SECTRAN e coordenado pela Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística – CENTRAL; este segmento era apontado como o segundo modal de transporte na região estudada carregando, já naquela época, mais de 1.500.000 passageiros. Decorridos mais de uma década de seu surgimento com gênese na introdução de políticas governamentais voltadas para a privatização de grandes empresas; na disponibilização ao mercado de um significativo contingente de pessoas, desempregadas,  com certo nível de instrução e qualificação que optaram por investir os recursos provenientes de suas indenizações na aquisição de veículos de pequena capacidade (vans) e  obtiveram sucesso, favorecidos pelas históricas e crônicas deficiências do setor, no mercado de transporte de passageiros local; um primeiro balanço e alguns esclarecimentos se fazem necessários:

No princípio, por falta de uma política de transportes definida e incapaz de compreender o fenômeno emergente, o poder público optou pela repressão e fracassou. Em pouco tempo, um novo segmento de transporte, baseado em veículos de pequena capacidade, ágeis e velozes, com forte potencial gerador de trabalho e renda à  curto prazo adquiria, incontestável, visibilidade política, econômica e social mantendo-se, não só,  na posição de segundo modal em capacidade de transporte, registrada em 2003; mas aumentando essa capacidade para cerca da 1.800.000 passageiros/dia; gerando 30.000 postos de trabalho diretos e criando uma nova categoria profissional composta de mais de 18.000 operadores autônomos. Trata-se de números respeitáveis a compor um quadro que, observado com atenção e sem preconceitos, permite algumas conclusões iniciais interessantes:

Em primeiro lugar, constata-se que transporte complementar/alternativo contribui, sem sombra de duvida,  para minimizar a pressão da demanda incidente sobre os outros modais por conta dos seus mais de 1.800.000 passageiros/dia transportados; ou seja, essas pessoas não estão ocupando espaço nos trens, ônibus e metrô e, muitas delas, deixaram seus carros particulares em casa. Significa dizer que qualquer redução, drástica, do segmento (como parece querer a atual Prefeitura do Rio) pode fazer retornar aos trens, metrô e ônibus um contingente considerável de pessoas a agravar os, conhecidos, problemas de superlotação que infernizam o dia a dia da vida dos cariocas.

Existe consenso entre os especialistas em engenharia de transportes e mobilidade urbana quanto ao fato de  ser o veículo particular a ocupar grandes espaços nas vias transportando, na maioria dos casos, apenas, uma pessoa o principal responsável pelos problemas de trânsito nas grandes cidades. Ora, dos mais de 1.800.000 passageiros/dia do transporte complementar/alternativo uma parcela importante é constituída de proprietários desse tipo de veículo que optam por utilizar as vans nos seus deslocamentos por diversas razões que vão desde a rapidez no deslocamento até os custos e as dificuldades de estacionamento no Centro da cidade. Portanto, ao contrário do que, equivocadamente, se imagina, o segmento contribui, efetivamente, para a melhoria das condições de trânsito e tráfego nos grandes centros.

Um importante papel na integração intermodal atuando como alimentador dos sistemas de maior capacidade como trens, metro e ônibus deveria estar reservado para o transporte complementar/alternativo o que permitiria a  correção de alguns equívocos técnicos tais como os observados na integração metrô-ônibus do Rio de Janeiro em que o passageiro leva cerca de 05 min a percorrer, por exemplo, o trecho Carioca/Siqueira Campos, do Metrô, mas fica 15/20 min. esperando o ônibus (veículo de média capacidade) absorver o nº de passageiros considerado necessário para garantir o equilíbrio econômico/financeiro daquele tipo de operação. Donde se conclui, que o veículo adequado para fazer integrações desse tipo é a van (veículo de pequena capacidade) e não o ônibus.

Uma outra possibilidade a ser considerada pelo poder público tendo em vista o processo licitatório para o transporte complementar/alternativo que se avizinha está na operação de serviço noturno visando a corrigir esta grave e histórica deficiência do sistema de transporte da cidade responsável por tantos e incômodos problemas para o carioca em suas necessidades de deslocamento depois de certo horário.

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